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Uma guerreira contra o racismo
Formada em Filosofia, autoridade no assunto e liderança do Geledés (pronuncia-se "gueledés") – Instituto da Mulher Negra, Sueli Carneiro desmascara o "mito da democracia racial", garante que "aqui se produziu a mais perversa e sofisticada forma de racismo do mundo", e diz, com todas as letras, o que é ser negro numa sociedade dominada pelos brancos, um sentimento que se estabelece muito além da flor da pele.
Caros Amigos – Qual foi sua primeira experiência direta com o racismo?
Sueli Carneiro – Olha, ser negro, nascer negro, é estar sistematicamente ao longo de toda a vida sofrendo processos de discriminação. [...] Na escola se dá a primeira situação franca, concreta: "Negrinha", "Pelé", "Cabelo de Bombril".
Caros Amigos – Dentro do mesmo estrato social em que vocês viviam, ou seja, no meio operário, havia racismo por parte das famílias brancas?
Sueli Carneiro – Como pobreza uniformiza certas condições, existe um grau de solidariedade e fraternidade superior ao das classes mais privilegiadas. Porém, quando há uma situação de conflito, é a cor o elemento utilizado para agredir, para distinguir. Por exemplo, você tem seus vizinhos, vocês festejam juntos, um batiza o filho do outro, vocês almoçam juntos nos fins de semana, mas, assim que aparece uma situação de conflito, surgem as informações: "Só podia ser negro mesmo. [...]".
Caros Amigos – Você sentia isso em seu bairro?
Sueli Carneiro – Havia mais do que isso. Havia um tipo de atitude. O branco pobre, apesar de sua pobreza, tem um sentimento de superioridade frente ao negro. Há sentimento de superioridade, em qualquer classe social.
Caros Amigos – Sua família discutia a questão racial?
Sueli Carneiro – Não era exatamente discutida. Meus pais tinham um ideário: "Você não pode deixar se humilhar porque é negro"; "temos de ser melhores porque somos negros, temos de ser mais morais, mais generosos, mais éticos, mais perfeitos; não podemos errar, temos de ser os melhores etc.". Quer dizer, tínhamos de ser melhores para ser tratados de forma igual. [...]
Caros Amigos – Muitos dos traços que você mencionou de formação familiar lembram a de uma família de imigrantes que tenta se estabelecer num país estrangeiro. Você diria que, de certa maneira, os negros do Brasil são como estrangeiros com relação à sociedade branca?
Sueli Carneiro – É muito mais do que isso. Uma das coisas cruéis e perversas que se faz neste país é comparar a situação do escravo com a do imigrante, como se fosse possível estabelecer algum parâmetro de comparação. O imigrante quando chega no outro país não perde a sua humanidade. Já a condição escrava coloca esse limite, o limite da desumanização de um ser humano. [...] Na verdade, só adquirimos condição humana a partir de 1888, quando deixamos de ser escravos. [...]
Respostas
respondido por:
1
Resposta:
comenta a presença do racismo na socie-
dade. De acordo com a entrevista, há
racismo por parte dos brancos mesmo
quando brancos e negros são igualmente
pobres? Se sim, em que circunstâncias es-
se racismo se manifesta?
É PRA AMANHÃ
Explicação:
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