Em termos puramente hipotéticos, suponha que atravessar uma rua, fora da faixa de segurança, seja uma prática punível com a morte. Note que, embora tal situação seja irreal, o exercício visa um processo reflexivo. Para esse desafio, tenha em mente os conceitos de burocracia, legitimação da dominação e administração enquanto ideologia e poder. Tente problematizar, criticamente, as questões a seguir, considerando aspectos de ordem social e ética.
A partir do cenário extremo descrito acima, responda, dissertativamente, as seguintes questões:
1. Uma lei injusta torna a aplicação da mesma lei justa?
2. Seria aceitável ou correto que um agente público, tal como a polícia, se negasse a aplicar uma lei absurda como no exemplo acima?
3. Levando a situação para o cotidiano mais realista, é correto que um funcionário, de qualquer organização, atue de forma antiética, caso o regulamento de sua organização ou seu chefe o ordene a fazer isso? Você consegue pensar em um exemplo?

Respostas

respondido por: danielasousa21
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Resposta:

Refletindo sobre poder, ética e burocracia, para responder as questões acima, pode-se pensar que:

1. Não, já que a aplicação de uma normativa errônea perpetua o erro, além de ser antiético. A burocracia (enquanto normatividade e impessoalidade), nesse sentido, não pode se sobrepor à ética.

2. Um argumento possível é de que o ato de seguir uma norma é uma ideologia. Outro argumento, é de que se trata de legitimar uma dominação. Um terceiro argumento possível é relativo ao compromisso ético.

3. Não, o regramento ou a burocracia da organização não tornam uma situação antiética em algo ético. Por vezes, pode se esperar que um funcionário faça algo antiético, o qual seja necessário pela norma da organização, com a finalidade de não perder o emprego ou não criar problemas para si mesmo, mas continua sendo antiético, mesmo que seja uma postura legalizada e normatizada. Um exemplo disso poderia ser quando um supervisor desconta um dia de trabalho de seu funcionário porque o mesmo se encontrava doente, mas não teve acesso a atendimento médico, mesmo o supervisor estando ciente da condição de saúde do trabalhador. Nesse caso, o supervisor pode estar querendo evitar problemas com seus gerentes, aplicando sanções, apesar de saber que as mesmas não são justas. Assim, a prática estaria amparada legalmente e normatizada, mas seria questionável do ponto de vista ético.

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