• Matéria: Artes
  • Autor: paauliinhoogames
  • Perguntado 3 anos atrás

PERGUNTAS NO MEU PERFIL

O encantamento
Júlio olhou. Ali estava a cena de que muito ouvira falar e lhe contestava a veracidade. No alto da copa retorcida de uma goiabeira estava um bem-te-vi aflito, condenado à morte. Um fio invisível prendia-o e puxava-o inexoravelmente. Ele piava numa extrema aflição. Sabia que ia morrer, mas não conseguia libertar-se.
Embaixo, de cabeça erguida e coleante, estava uma jararaca. Seu olhar fixo prendia o pobre bem-te-vi, que não conseguia livrar-se daquele encantamento. O réptil forçava o pássaro a descer. Hipnotizara-o. Mantinha-o preso desde o momento em que a ave, curiosa, baixara o olhar para verificar a origem do farfalhar, que se levantava do chão. Os dois olhares cruzaram-se. O réptil prendeu o pássaro. Fulminara-lhe a vontade. Não podia mais voar. E piando plangentemente pulou para o ramo que estava logo abaixo do seu pequeno corpo.
Júlio teve ímpetos de matar a cobra. Mas um desejo cruel de assistir ao desfecho o manteve imóvel.
O bem-te-vi deu novo pio e novo salto. Não era mais o seu canto vibrante, agudo, que trespassava a mata. Tinha algo de um grito plangente, de um apelo de socorro que quebrasse o mortal encantamento. Júlio teve pena do pássaro. Sabia que bastaria uma pedrada ou apenas um grito para libertar o bem-te-vi, pois a serpente procuraria ver de onde partia o perigo. Também o réptil estava sujeito ao medo. E desde que voltasse a cabeça interromperia a sujeição hipnótica. A ave poderia fugir. Mas a sua curiosidade era maior. Queria ver o fim.
E esse não tardou. O bem-te-vi soltou um pio ainda mais plangente e com as asas abertas pousou no chão .
A jararaca moveu-se lentamente, num avanço cauteloso. Estava agora a pouco mais de um metro da ave aterrorizada.
Mentalmente, Júlio torceu para que o pássaro reagisse e levantasse voo. Supunha, ainda, que a ave não percebera o réptil, confundido com o chão devido ao desenho da pele de cor de massapé. Mas não havia possibilidade de engano. A jararaca conseguira hipnotizar a ave, quando acertara o seu frio olhar, mortal, no olhar do pássaro, que imprudentemente espiara do alto para verificar o que era aquela mancha amarela a mover-se. E fora como se uma flecha lhe penetrasse no cérebro, matando-lhe a vontade. A fome do réptil mantinha-o preso, com firmeza. O bem-te-vi soltou mais um pio triste. A cobra avançou mais um palmo.
No íntimo de Júlio, travou-se dura batalha entre a misericórdia e a curiosidade. O coração pulsava-lhe doidamente. Parecia ouvir-lhe as pancadas como se fosse na pele de um tambor. O pássaro desengonçado, o bico aberto, as asas distendidas, deu um passo em direção à jararaca, soltando um pio estrídulo, que traduzia o desespero do condenado à perda da vida.
Foi então que no coração de Júlio reboou uma pancada mais forte. Venceu o sentimento de solidariedade com os mais fracos. Deitou a mão frenética a um galho seco. O estalido forte do lenho que parte foi acompanhado de um berro!
- Desgra**da!
Ao mesmo tempo, o galho partido caía pesadamente no tronco da jararaca, que ficou aturdida.
Quebrara-se o encanto malévolo.
O bem-te-vi, liberto do olhar que o mantinha cativo, ruflou as asas e disparou num voo fulminante, como flecha saída do arco. Surpreendida e contundida, a cobra desfez as suas roscas e coleou com rapidez a refugiar-se em lugar de capim alto, onde ficaria mais segura.
Erguendo o olhar para o céu, onde grossas nuvens eram tangidas pelo vento, Júlio exclamou, satisfeito consigo mesmo:
- Puxa! Foi mesmo na horinha!

Com relação ao texto lido, responda.

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Respostas

respondido por: rhenunes
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Resposta:

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Explicação:

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