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Faroeste Caboclo chama atenção primeiramente pela dimensão de sua letra, pois a música possui nada mais nada menos que nove minutos e meio, embora seu compositor tenha afirmado ter ela sido escrita em apenas duas tardes. A música conta a história de João de Santo Cristo, um jovem pobre e negro que ao longo da vida foi vitima de racismo, pobreza, estupro, entre outras coisas horrendas. O que se pode dizer é que ao longo da letra Renato Russo, o autor, idealiza e molda paisagens em torno de uma história, tendo a canção, antes de se consagrar, passado antes por todo um processo de criação onde seu compositor visualizava cada paisagem presente na letra.
Logo no começo nota-se um trecho onde a paisagem do local é facilmente visualizada por qualquer ouvinte: “deixou pra trás todo marasmo da fazenda”. Diante disso, vê-se que embora este local não exista no mundo real, ele passa a existir subjetivamente e individualmente na mente de cada pessoa que escuta a música. A maioria das pessoas imagina instantaneamente uma área rural, uma fazenda calma e tranquila sem nenhuma agitação ou causa merecedora para uma narrativa na forma de canção. Individualmente cada um imagina esta fazenda ao seu próprio modo, baseado na sua cultura e vivência pessoal. Por exemplo, uma pessoa que more em uma área rural vai imaginar, quando ouve este trecho, uma fazenda parecida com a qual já está acostumado; por outro lado, alguém que vive e está acostumado com o dia-a-dia na cidade também vai imaginar uma fazenda, porém, completamente diferente do primeiro caso, com formas idealizadas e longe da realidade do campo brasileiro.
Em “ele ficou bestificado com a cidade, saindo da rodoviária viu as luzes de Natal” vê-se mais duas das cento e sessenta e oito estrofes da música em que claramente se visualiza uma paisagem. Mais uma vez podem-se usar exemplos de extremos opostos, onde uma pessoa acostumada com uma área pacata do interior ao ouvir isso não vai imaginar a mesma coisa que uma pessoa acostumada com os adornos inseridos em uma cidade na época de Natal.
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