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Soneto do Amor Total
Vinícius de Morais
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
ANÁLISE DO POEMA: Soneto de Amor Total
Marcação de Escansão e Rima do Poema
A / mo / te / tan / to / meu / a / mor / não / can (A) (10)
O hu / ma / no / co / ra / ção / com / mais / ver / da (B) (10)
A / mo / te / co / mo a / mi / go e / co / mo a / man (A) (10)
Nu / ma / sem / pre / di / ver / sa / rea / li / da (B) (10)
A / mo / te a / fim / de um / cal / mo a / mor / pres / tan (A) (10)
E / te a / mo a / lém / pre / sen / te / na / sau / da (B) (10)
A / mo / te en / fim / com / gran / de / li / ber / da (B) (10)
Den / tro / da e / ter / ni / da / de e a / ca / da ins / tan (A) (10)
A/ mo / te / co / mo um / bi / cho / sim / ples / men (C) (10)
De um / a / mor / sem / mis / té / rio e / sem / vir / tu (D) (10)
Com um / de / se / jo / ma / ci / ço e / per / ma / nen (C) (10)
E / de / te a / ma / r a / ssim/ mui / to e a / mi / ú (D) (10)
É / que um / dia / em / teu / cor / po / de / re / pen (C) (10)
Hei / de / mo / rrer / de a / mar/ mais / mais / do / pu (D) (10)
ANÁLISE
O Poema Soneto de Amor Total, de Vinícius de Morais, como o próprio nome indica, trata-se de um soneto. Sendo assim, possui uma estrutura fixa e regular que compõe os sonetos, ou seja, é formado por quatro estrofes totalizando quatorze versos, sendo dois quartetos (estrofe de quatro versos) e dois tercetos (estrofe de três versos). É um poema decassílabo regular, ou seja, possui dez sílabas poéticas em cada verso, como se pode confirmar na escansão acima. É rimado conforme a seguinte estrutura: ABAB ABBA CDC DCD.
Na segunda estrofe encontramos um pouco de contradição em presente na saudade, presente algo atual e saudade algo distante. O mesmo acontece com eternidade e a cada instante, eternidade que remete ao longe e cada instante que remete ao que está sendo vivido, tudo isso sugere um amor vivo no presente e futuro.
A terceira estrofe apresenta um amor animal, irracional e instintivo (bicho). Cheio de desejo carnal.
No primeiro verso da última estrofe, seguindo a descrição dos desejos, temos amar assim, muito e amiúde que nos faz lembrar uma grande quantidade em pouco tempo, ou seja, um amor com muito sexo.
No último verso Hei de morrer de amar mais do que pude leva a crer em um amor intenso até a morte, com pluridade de sentidos, que pode também ser morrer de amor, ou intensidade sexual na intimidade até o desgaste físico.
O poema descreve um misto entre sentimento amoroso e desejos.