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O Tocantins completa 27 anos nesta segunda-feira (5). Apesar do pouco tempo de existência, o estado é repleto de lendas e crendices populares, que fazem parte da história do povo. Conforme o historiador Junior Batista do Nascimento, o Tocantins tem muitas histórias curiosas. "Assim como em grande parte do país fomos povoados por índios, escravos que vieram trabalhar na extração do ouro e por portugueses. Então foram surgindo muitas crendices, geralmente ligadas à questão indígena e natural", explica.
Conforme o historiador, um exemplo dessas crendices está relacionado ao nome do Ribeirão Providência, em Miracema do Tocantins, na região central do estado. Segundo pesquisas feitas por Nascimento, os índios da etnia Xerente habitavam as margens do ribeirão, que se chamava Inferno. Porém, como havia um surto muito grande de febre na região, os religiosos acharam que o nome trazia uma maldição e por isso, trataram de mudá-lo durante uma missa celebrada por um padre de uma cidade vizinha.
Uma cachoeira na região do Jalapão, área que envolve oito municípios no leste do Tocantins, também tem o nome ligado à uma crendice local. "A Cachoeira da Velha leva esse nome porque, diz uma lenda, que uma mulher viúva, uma velha, ia todos os dias ao local na esperança de encontrar o falecido marido", conta o historiador.
Natividade
Outra lenda curiosa é ligada ao município de Natividade, na região sudeste do Tocantins. De acordo com o historiador, há uma lenda de que a cabeça de uma serpente está enterrada na Lagoa Encantada e o rabo na Igreja Matriz. "Diz a lenda que enquanto existirem velhas rezadeiras na cidade, rezando o ofício de Nossa Senhora aos sábados, não prevalecerá o poder da serpente e o povo de Natividade viverá em segurança", explica Nascimento.
Uma outra história ligada à região de Natividade explica o surgimento do povoado do Senhor do Bomfim, um dos principais pontos religiosos do Tocantins. "Diz a lenda que um vaqueiro teria encontrado a imagem do Senhor do Bonfim sobre um toco de madeira, sempre reaparecendo neste local depois de ser retirada. Por isso, o local começou a ser ponto de peregrinações."
O que dá força para lendas e crendices populares, segundo Nascimento, é o saber popular que é passado de pai para filho. "Isso influencia inclusive na fabricação de remédios caseiros e nas receitas culinárias de um povo. Como por exemplo, a ideia de que tomar leite e comer manga faz mal à saúde. Essa crendice foi criada pelos donos de escravos para evitar que eles tomassem o leite. E os escravos acabaram acreditando."