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Resposta:
Como em outros momentos históricos em que eventos singulares engendraram transformações profundas na ordem internacional, o fim da Guerra Fria não foi previsto ou antecipado nem pelos especialistas em relações internacionais. Na verdade, subjacente a este campo disciplinar existe um paradoxo: se se concorda que rupturas, eventos singulares e descontinuidades constituem a matéria-prima por excelência das relações internacionais, a reflexão teórica sobre estas tem sido, porém, muito colada à história; seus conceitos e modelos analíticos são elaborados com base na experiência, sendo adequados para examinar o passado e pouco úteis para dar conta de mudanças e situações novas.1 Ademais, o evento em si uma grande potência voluntariamente abrindo mão da condição de superpotência é praticamente inédito na história das relações internacionais, não estando previsto nas teorias de "transição de poder" nos moldes daquelas de Gilpin (1981) ou de Kennedy (1989). A posteriori, formou-se uma extensa lista de explicações sobre o fim da Guerra Fria, algumas delas recorrendo a processos geológicos, como o "movimento submerso das placas tectônicas", para explicar o que originalmente não conseguiram prever (Gaddis, 1992).