Leia o texto abaixo.
Pela porta aberta entra a luz da rua, o barulho da rua; a rua entra pela porta formando um corredor de vida alheio à casa. A sala não tem dimensão.
Fechada a porta, a casa inteira fecha-se ao redor de si mesma [...]. A força da porta fechada dá maior dignidade ao silêncio.
O silêncio da casa é feito dos barulhos de fora. Se tudo em volta se calasse, minha respiração seria ensurdecedora.
Ninguém me sabe à espreita atrás das venezianas cerradas, as pessoas que passam na rua, quase ao meu lado, não me imaginam sentada na penumbra desta casa tão imóvel. Não há sequer roupa estendida na corda; nenhum fogo foi aceso ainda.
Parada, penso que a poeira se deposita sobre mim como sobre um móvel, engolindo aos poucos o cheiro do corpo, abafando lentamente seu calor, enquanto tento tomar parte na casa vazia. [...]
O tempo passa, enquanto a casa espera, paciente, o meu cansaço. [...]
Lá fora, as pessoas que passam semeiam trechos de conversa; e eu me descubro sorrindo matreira como criança escondida em armário, já desligada do silêncio, sem prestar mais atenção ao vazio.
Estou mesmo cansada.
Subo a escada de madeira pisando bem no canto dos degraus para evitar rangidos. Através da janela, me despeço do pátio dos vizinhos. Depois deito na cama, à espera de que cresça em mim o alto capim do sono.
COLASANTI, Marina. Eu sozinha. São Paulo: Global, 2018.Fragmento.
Entende-se desse texto que a narradora:
A- debocha dos vizinhos.
B- está sozinha na casa.
C- incomoda-se com o barulho vindo da rua.
D- sente-se observada através venezianas.
E- vive em uma casa desorganizada.
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Resposta:
letra A
Explicação: CONFIA S2
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