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Resposta:
A palavra “Religião” pode ser entendida etimologicamente através de duas raízes. Uma vem de “religare”, que remete a uma aliança com Deus, onde o clero da Igreja Medieval julgava ser a casta eleita para fazer a intermediação entre os homens comuns e Deus. A outra vem de “religere”, que significa uma observação cuidadosa de si mesmo ou também uma releitura. A atitude religiosa autêntica seria aquela que facilitaria o processo de individuação, que cria um indivíduo psicológico, uma unidade autônoma e indivisível, uma totalidade; é um processo contínuo cuja meta é o próprio desenvolvimento pleno da pessoa.
Este indivíduo vive em sociedade, então a relação entre aspectos pessoais e coletivos pode ser mediada pela religião, tendo a possibilidade de constituir uma relação subjetiva do homem com seu meio, especialmente a sociedade ocidental moderna.
A religião exerceria uma importante função psíquica para o homem, no sentido de levá-lo a uma realização profunda, e teria como componente fundamental a experiência do numinoso, que em termos psíquicos seria uma fascinação do ego por uma manifestação arquetípica, algo extraordinário, como uma revelação. É, portanto uma experiência exclusivamente subjetiva e individual, ocorrendo através de uma prática religiosa, uma confissão numa comunidade de fieis.
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Imagens do filme “Pão divino, a vida de São Tarcísio”
O homem moderno conserva traços de valores religiosos que o culto à matéria, a massificação e a dessacralização do mundo não conseguiu apagar. O racionalismo presente na sociedade ocidental moderna dificulta o processo de individuação citado. Então, uma importante característica da religião é o seu ponto de referência extramundano, oferecendo ao indivíduo um ponto de apoio em oposição ao mundo racional e materialista, designando a atitude particular de uma consciência transformada pela experiência do numinoso. Ai é imprescindível uma participação ativa diante deste fenômeno através de um diálogo com o mundo em suas condições psíquicas, históricas, sociais e políticas.
Podemos verificar que nos polos desta condição acima podem ocorrer, de um lado, um contato com vivências profundas e ao mesmo tempo sem sentido religioso autêntico onde, se não há um ego bem estruturado, a vivência deixará de ser mística e passará a ser uma vivência psicótica na qual o consciente pode se desagregar. No outro polo, a ausência da dimensão espiritual faz com que a existência humana seja determinada, neste momento histórico, pelo “sonho de consumo” para o preenchimento de um vazio existencial. Então, faz-se necessário o resgate da verdadeira dimensão espiritual através da vivência do sagrado, em conjunto com um equilíbrio entre a razão e a matéria, com a ampliação da consciência e o encontro de um sentido de ser no mundo. Isto, portanto torna-se um grande desafio da atualidade no nosso mundo contemporâneo.
Outras considerações: (com relação às pessoas que têm a espiritualidade como um dos valores mais importantes em suas vidas):
1 – Sentem e acreditam a divindade como fonte de energia para sua disposição interior, direcionando-a para suas ações e seu viver cotidiano. O desenvolvimento de suas vidas tem uma linha condutora ligada a Deus, determinando seus valores e suas potencialidades, proporcionando equilíbrio psíquico.
2 – O sofrimento físico e/ou psíquico sendo superado com o auxílio da religiosidade constituindo-se como uma forma de desenvolvimento psicológico e como fonte de fortalecimento da psique, onde a saúde nasce da força interior do indivíduo, tendo condições crescentes se superação de problemas.
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