• Matéria: Sociologia
  • Autor: saulmoura00
  • Perguntado 3 anos atrás

Alguém pode me dar o resumo desse texto? Pfv preciso pra um juri simulado


Texto: O Animal

Era uma maternidade pública daquelas em que as mulheres chegam, sabe Deus como ou de onde, sem nenhum preparo; sem pré-natal, sem condições sem dinheiro, sem saúde, sem alento, sem perspectivas. Até os médicos e enfermeiras tornaram-se desalentados. Afinal conviver diariamente com a miséria é suficiente para tornar a vida amarga.

Mas, quis o destino que assim fosse: nasceram juntos, nessa mesma maternidade. Um porque a mãe não tinha onde cair morta, o outro porque se a mãe não fosse rapidamente socorrida cairia morta. E nasceram os dois de cesárea. E ainda assim, nasceram saudáveis, chorando forte, corados. Foram amamentados, pesados, medidos, esmiuçados e então devolvidos as respectivas mães. Foram amamentados, acarinhados, embalados e depois, um ficou na própria maternidade e o outro, assim que possível, transferido para casa de saúde particular.

Um sozinho com a mãe solteira, o outro no seio de uma família agora aliviada das circunstâncias do nascimento em local tão impróprio.

– Um acidente – diziam todos – Um acidente – dizia também a mãe solteira com o pequeno nos seios agarrado.

Dois dias depois, cada qual seguiu seu destino, um, a favela; o outro o apartamento de frente para o mar. E ambos cresceram hígidos enquanto amamentados. Bonitos, saudáveis, risonhos. Depois, um já recebia outros alimentos que até sobravam, e o outro quando as tetas da mãe já não sustentavam, nem as sobras tinha para alimentar-se. E enquanto na casa de um os avós o disputavam, na favela a mãe desesperada não tinha mais com quem deixá-lo. E assim, num orfanato, acabou sendo abandonado.

Cresceram, os anos passaram, um no seio da família, o outro no meio de estranhos e a ele ninguém se vinculava. Um superestimado, abençoado, o outro perdido, abandonado.

Aos 6 anos, um matriculava-se no primeiro grau, o outro fugia com três pouco mais velhos para nunca mais voltar. Assim, enquanto um fazia da escola o caminho da sua vida, o outro fazia da vida na rua a sua escola. Um cada vez mais forte, saudável, o outro magrelo, perebento, desdentado. Enquanto um aprendia para alargar seus horizontes, o outro roubava estreitando cada vez mais o seu final.

Os anos passavam e enquanto um ia galgando as escolas mais diferenciadas, o outro galgava os presídios mais apinhados. A seu modo cada qual recebia, dia a dia, mais e mais conhecimentos. Em pouco tempo, um usava a palavra como arma, e outro usava a arma como palavra. E, no exato dia em que se formava advogado, o outro empreendia mais uma fuga numa rebelião de presidiários. E ambos se tornaram notórios, um como defensor incondicional da pena de morte, o outro usando a morte como forma incondicional de sobreviver. O inimigo público número um, o mais procurado. Um tornou-se juiz de direito, o outro, terrível juiz das vitimas das ruas escuras e desertas. Ambos com o destino dos outros nas mãos, um com o código de lei da sociedade, o outro com a lei da sociedade sem código.

Até que certo dia se encontraram. Um bateu o martelo condenando, ao mesmo tempo que lamentava não haver pena de morte para imputar a tamanho animal. O outro, o animal, acuado, algemado, lamentando a vida que teria de novo na penitenciária.

E ninguém nunca soube que, naquela maternidade pública, trinta anos atrás, eles haviam sido trocados.

Respostas

respondido por: paulonetosuperlegal
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texto resumindo abaixo

uma maternidade pública daquelas em que as mulheres chegam, sabe Deus como ou de onde, sem nenhum preparo;

Um porque a mãe não tinha onde cair morta, o outro porque se a mãe não fosse rapidamente socorrida cairia morta.

Foram amamentados, acarinhados, embalados e depois, um ficou na própria maternidade e o outro, assim que possível, transferido para casa de saúde particular.

Um sozinho com a mãe solteira, o outro no seio de uma família agora aliviada das circunstâncias do nascimento em local tão impróprio.

Um acidente – diziam todos – Um acidente – dizia também a mãe solteira com o pequeno nos seios agarrado.

Depois, um já recebia outros alimentos que até sobravam, e o outro quando as tetas da mãe já não sustentavam, nem as sobras tinha para alimentar-se.

Cresceram, os anos passaram, um no seio da família, o outro no meio de estranhos e a ele ninguém se vinculava.

Assim, enquanto um fazia da escola o caminho da sua vida, o outro fazia da vida na rua a sua escola.

E, no exato dia em que se formava advogado, o outro empreendia mais uma fuga numa rebelião de presidiários.

E ambos se tornaram notórios, um como defensor incondicional da pena de morte, o outro usando a morte como forma incondicional de sobreviver.

Um tornou-se juiz de direito, o outro, terrível juiz das vitimas das ruas escuras e desertas.

Ambos com o destino dos outros nas mãos, um com o código de lei da sociedade, o outro com a lei da sociedade sem código.

Um bateu o martelo condenando, ao mesmo tempo que lamentava não haver pena de morte para imputar a tamanho animal.

ninguém nunca soube que, naquela maternidade pública, trinta anos atrás, eles haviam sido trocados.

espero ter ajudado!!

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