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Nos primeiros séculos de seu aparecimento, os comerciantes ainda eram tomados por preceitos comerciais bastante ligados aos valores cristãos. Sob tal influência, vemos que muitas corporações de ofício combatiam a obtenção de lucros abusivos com a estipulação do chamado “justo preço”. Em suma, esse tipo de preço consistia na soma da matéria-prima e da mão de obra empregada na obtenção da mercadoria.
Primeiramente, podemos ver que tal prática foi um verdadeiro entrave para que o acúmulo de capital acontecesse rapidamente entre a burguesia europeia. Contudo, a elevação dos índices populacionais acabou provocando a dinamização da economia europeia que marca a transição entre o feudalismo e o capitalismo. Ou seja, mesmo com lucros reduzidos, vemos que a burguesia feudal prosperou e galgou espaços sociais e políticos cada vez mais importantes.
Em paralelo aos valores morais e religiosos do justo preço, podemos ver que a Igreja também interferiu no desenvolvimento das atividades financeiras. Em muitos casos, burgueses e artesãos pegavam dinheiro emprestado para que tivessem meios para atender suas demandas produtivas. Em muitos casos, o credor recebia uma bonificação extra que consistia no pagamento de juros proporcionais ao valor e ao tempo de empréstimo.
Tal costume, conhecido pelo nome de usura, foi veementemente condenado pelos clérigos católicos. Para tais, a prática da usura era uma atividade desonesta, pois o credor obtinha ganho sem trabalho e lucrava com o passar do tempo. Aos olhos da Igreja, o tempo não poderia ser utilizado com finalidades particulares, pois ele só poderia ser manuseado por Deus. Mais uma vez, os preceitos morais e religiosos limitaram o desenrolar do comércio na Idade Média.
Apesar da resistência, o crescimento do comércio clamava cada vez mais pelo empréstimo de grandes quantidades em dinheiro. Sendo assim, a Igreja passou a liberar a prática da usura em situações em que o credor se arriscava perdendo total ou parte do empréstimo. Nesse contexto, o devedor poderia justificar o não pagamento da usura ao comprovar que não conseguiu vender toda a riqueza gerada pela quantia emprestada.