O poema de Ferreira Gullar "atemporal", pois mostra exatamente o período em estamos vivendo. Escrito em 1963, “Não há vagas” faz uma crítica direta às condições de vida da população, enquanto vivíamos as inquietações do período de ditadura militar. Não há vagas
Ferreira Gullar
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
luz e telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila* seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila* seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas"
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema senhores,
não fede
nem cheira
Atividades: a) Onde é comum encontrar a expressão “não há vagas”, que dá nome ao poema? Analisando o poema e seu título, qual é a temática desenvolvida no texto?
b) Como você interpretaria no poema a expressão “o homem sem estômago”?
c) Quais os efeitos de sentido produzidos pelas expressões: “Mulher de nuvens”? E com “Fruta sem preço”?
Respostas
respondido por:
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jasper troy comidoy diwara
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