REFORÇO Brasil
e as razões de viver. Há também os modestos, que ocultam cuidadosamente a própria
personalidade atrás do que dizem e, em contrapartida, os vaidosos, que castigam no
pronome na primeira pessoa e colocam-se geralmente como a personagem principal de
todas as situações. Como se diz que é preciso um pouco de tudo para fazer um mundo,
todos estes marginais da imprensa por assim dizer, têm o seu papel a cumprir. Uns afa
gam vaidades, outros, as espicaçam este é lido por puro deleite, aquele por puro vicio.
Mas uma coisa é certa: o público não dispensa a crónica, e o cronista afirma-se cada vez
mais como o cafezinho quente seguido de um bom cigarro, que tanto prazer dão depois
que se come
Coloque-se, porém, o leitor, o ingrato leitor, no papel do cronista, Dias há em que, posi
tivamente, a crónica "não baixa: O cronista levanta-se, senta-se, lava as mãos, levanta-se
de novo, chega à janela, dá uma telefonada a um amigo, põe um disco na vitrola, relé
crónicas passadas em busca de inspiração-e nada. Ele sabe que o tempo está correndo,
que a sua página tem uma hora certa para fechar, que os linotipistas o estão esperando
com impaciència, que o diretor do jornal está provavelmente coçando a cabeça e dizen-
do a seus auxiliares: "E não há nada a fazer com Fulano. Al então é que, se ele é cronista
mesmo, ele se pega pela gola e diz: "Vamos, escreve, ó mascarado! Escreve uma crónica
sobre esta cadeira que está al em tua frente! E que ela seja bem-feita e divirta os leitores!
E o negócio sai de qualquer maneira.
O ideal para um cronista é ter sempre uma ou duas crónicas adiantadas. Mas eu conhe
ço muito poucos que o façam. Alguns tentam, quando começam, no afà de dar uma boa
impressão ao diretor e ao secretário do jornal. Mas se ele é um verdadeiro cronista, um
cronista que se preza, ao fim de duas semanas estará gastando a metade do seu ordena-
do em mandar sua crónica de táxi-e a verdade é que, em sua inocente maldade, tem um
certo prazer em imaginar o suspiro de alivio e a correria que ela causa, quando, tal uma
filha desaparecida, chega de volta à casa paterna.
Fonte: Vinicius de Moraes. Para viver um grande amor Disponível em:
com.br/pthr/prosa/o-exercicio-da-cronica-0
Assinale a informação correta sobre a crónica:
(A) é um gênero narrativo.
(B) não pode ser escrito em 1ª pessoa.
(C) não é considerado um gênero textual.
(D) trata exclusivamente de eventos ficcionals.
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Respostas
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Resposta:
(A) é um gênero narrativo
Explicação:
O cronista focaliza a diversidade textual do gênero crônica.
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