"A meritocracia esconde o fato de as classes sociais serem os principals instrumentos que na verdade permitem reproduzir privilégios visíveis e invisíveis no tempo, sendo a renda diferencial apenas o elemento mais tardio e mais visível entre todos. Como isso acontece? Primeiro pela socialização familiar. Ou seja, não existe "a família" em geral, igual em todo lugar, mas apenas famílias de classe, cada qual com uma história e uma reprodução de privilégios visíveis e invisíveis muito peculiares. O privilégio mais visível é o econômico. A relação familiar e de sangue, por meio dos títulos de propriedade e das estratégias de casamento e amizade dentro da mesma classe social, cria a classe da elite de proprietários, que detém todas as riquezas em pouquíssimas mãos. São os donos das grandes fazendas de soja, das cadeias comerciais e os grandes especuladores e rentistas. Abaixo deste 0,1% da população, todas as classes lutam muito mais por outro tipo de capital, que não é visível como o dinheiro e a propriedade: o capital cultural, ou seja, a incorporação do conhecimento considerado útil e legítimo pela sociedade. Aqui será, antes de tudo, a família da classe média - a classe média real, baseada na reprodução do privilégio educacional -que vai criar e implementar de modo invisível, por isso mesmo, extremamente eficiente, a farsa da meritocracia pela incorporação privilegiada e tornada invisível de capital cultural. É que o sucesso escolar, ou seja, a chave de todo sucesso social, que será expresso em renda diferencial anos mais tarde, tem pressupostos emocionais, afetivos, que são construídos desde o berço no horizonte familiar de cada classe social. Disposições para o comportamento prático como disciplina, autocontrole, visão prospectiva e capacidade de concentração e de pensamento abstrato não são naturais nem algo a que todos têm acesso. Em sociedades como a brasileira, essas competências são, antes de tudo, verdadeiros privilégios de classe. Como a socialização familiar é invisível de várias maneiras, não só porque é realizada no mundo privado e longe do público, mas também porque seus valores são incorporados de modo automático e inconsciente em tenra idade, ela se presta a todo tipo de apagamento e favorece o esquecimento o esquecimento dos privilégios. Mas toda família de classe média transmite uma série de aptidões às novas gerações. O hábito da leitura é criado a partir do exemplo dos pais, que faz a criança, que ama os pais, amar a leitura mais tarde. O gosto pelas línguas estrangeiras vem do exemplo do tio, admirado na família por falar alemão ou inglês sem sotaque. A capacidade de imaginação é despertada desde muito cedo pelas histórias cheias de fantasias em belos livros com imagens. E assim desenvolve-se também a disciplina amorosa do
Respostas
A meritocracia coloca o indivíduo menos favorecido economicamente dentro de uma corrida que ele não vai jamais vencer sem o incentivo do estado e de políticas afirmativas.
Como vemos esses privilégios de classe?
Os privilégios de classe são mantidos justamente pela forma como a economia gira em torno dessa parcela que já detém riquezas do passado, enquanto o indivíduo negro, que mora em um ambiente segregado acaba vivendo em um ambiente que não favorece esse crescimento.
Ele ao mesmo tempo, possui condições e necessidades que o impedem em diversos momentos de ao menos concluir um ensino de qualidade, quiçá concorrer a uma vaga de emprego ou em uma universidade pública, sendo esse o olhar do autor para a meritocracia, a permissão da reprodução dos privilégios de classe.
Completando:
Analisando o texto:
Por que o autor considera a meritocracia como instrumento que permite reproduzir os privilégios de classe?
Mais sobre a meritocracia:
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