(3 O cordel é uma das mais ricas expressões da cultura popular brasileira e, como tal, muitas vezes emprega exemplos de uso dos verbos típicos da variedade popular. Leia um trecho do início do cordel "Ai! Se sèsse!..", de Zé da Luz.
Ai! Se sêsse!...
Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse, Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
LUZ, Zé da. Ai! Se sesse!... Disponível em: . Acesso em: 7 fev. 2019
a) Reescreva o fragmento, adequando-o à norma-padrão escrita.
b) Considere o gênero textual e opine: a alteração realizada no item a é adequada a esse poema?
c) A interjeição ai!, empregada no início do cordel, pode expressar sentimentos negativos. É o caso nessa ocorrência?
Justifique com elementos do texto.

Respostas

respondido por: AC1969

a) O fragmento reescrito em linguagem formal:

Ah, se fôssemos...

Ah, se fôssemos!...

Se um dia nós nos gostássemos;

Se um dia nós nos quiséssemos;

Se nós dois nos pareássemos,

Se juntinhos nós dois vivêssemos!

Se juntinhos nós dois morássemos,

Se juntinhos nós dois dormíssemos;

Se juntinhos nós dois morrêssemos.

b) A aliteração é adequada ao poema porque faz parte da oralidade própria do cordel, que é feito para ser declamado.

c) A interjeição "ai", neste caso, não está em sentido negativo, mas no valor puramente exclamativo, destacando o desejo intenso do eu lírico que aquilo de fato acontecesse.

É uma justificativa para esse enfoque positivo a locução interjeitiva que aparece logo depois: "Se sêsse" ("se fosse", algo como "quem dera").

O cordel e a linguagem oral

A literatura de cordel é uma forma rudimentar de impressão muito comum no Nordeste brasileiro. Embora seja impressa, ela é profundamente oral, porque acompanha as apresentações dos autores e vendedores, que frequentemente declamam publicamente.