O poema a seguir foi escrito pelo poeta mineiro Murilo (1901-1975) em 1935 é publicado dez anos
depois na coletânea, os quatro elementos.
Leia-o e responda:
Sentado à soleira da porta
menino triste
Que nunca leu Júlio Verne
menino que não joga bilboquê
menino das brotoejas da tosse eterna
Contempla o menino rico na varanda
rodando na bicicleta,
o mar autônomo sem fim.
É triste a luta das classes.
-Mendes Murilo.
Interpretação:
1) Explique por que os meninos apresentados nas duas primeiras estrofes são personagens
antagônicos.
2) Na primeira estrofe, o eu lírico afirma que o menino triste nunca havia lido Júlio Verne. Quais
informações sobre ele são apresentadas por meio dessa referência?
3) Um termo e uma expressão dos verbos finais da primeira e da segunda estrofe se equivalem.
Quais são eles?
4) Você acha que nesse poema, o lírico se posiciona sobre a "luta das classes" ou apenas a constata? Justifique.
Respostas
respondido por:
1
1) As situações dos meninos são opostas:
- O menino pobre não brinca, é doente, triste e não teve contato com livros.
- O menino rico está em uma bela varanda, anda de bicicleta e lê.
2) O verso sintetiza a falta de educação formal e contato com os livros. Significa que o menino pobre tinha menos opções não só de lazer, mas de conhecimento.
3) Um termo que equivale a uma expressão é "brotoejas", que está associado a "tosse eterna", indicando que o menino é tísico ou doente.
4) O eu lírico se posiciona claramente, porque diz que "é triste a luta de classes".
O contraste no poema de Murilo Mendes
O poema de Murilo Mendes usa um artifício comum na poesia, a estrutura do contraste ou comparação. Neste recurso poético, dois elementos se alternam e um contrasta com o outro.
- No caso do poema, trata-se do menino rico e do menino pobre.
- Um tem liberdade e alternativas alegres, o outro não.
- O autor atribui o contraste à luta de classes.
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