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Desta estrutura social diferenciada faziam parte os setores mais ricos
da população - chamados "grandes" da sociedade - mineradores,
fazendeiros, comerciantes e altos funcionários, encarregados da
administração das Minas e indicados diretamente pela Metrópole.
Compunham
o contingente médio, em atividades profissionais diversas, os donos de
vendas, mascates, artesãos (como alfaiates, carpinteiros, sapateiros) e
tropeiros. E ainda pequenos roceiros que, em terrenos reduzidos,
entregavam-se à agricultura de subsistência. Plantavam roças de milho,
feijão, mandioca, algumas hortaliças e árvores frutíferas. Também faziam
parte deste grupo os faiscadores - indivíduos nômades que mineravam por
conta própria. Deslocavam-se conforme o esgotamento dos veios de ouro.
No final do século XVIII, esta camada social foi acrescida de elementos
ligados aos núcleos de criação de gado leiteiro, dando início à produção
do queijo de Minas.
Incluíam-se
também nessa camada intermediária os padres seculares. Na Colônia,
poucos membros do clero ocupavam altos cargos como, por exemplo, o de
bispo. Este morava na única cidade da capitania: Mariana.
Por outro lado, crescia na capitania real o número de indivíduos
sujeitos às ocupações incertas. Vivendo na pobreza, na promiscuidade e
muitas vezes no crime, não tinham posição definida na sociedade
mineradora. Esta camada causava constante inquietação aos governantes.
Ela era geralmente composta por homens livres: alguns brancos, mestiços
ou escravos que haviam conseguido alforria.
O Estado, percebendo a necessidade de agir junto a essa população
incapaz de prover seu próprio sustento, associou a repressão à
"utilidade". O encargo que eventualmente representava transformava-se,
através do castigo, em trabalhos diversos e, conseqüentemente, em
"utilidade".
Esta
população, entendida como de "vadios", recrutada à força ou em troca de
alimento, foi utilizada em tarefas que não podiam ser executadas pelos
escravos, necessários ao trabalho da empresa mineradora. Era freqüente a
ocupação destes que eram vistos como desclassificados sociais na
construção de obras públicas como presídios, Casa da Câmara, entre
outras. Também compuseram corpos de guarda e de polícia privada dos
"Grandes" da sociedade mineradora, ou ainda empregavam-se como
capitães-do-mato. Em outras situações, como na disputa pela posse da Colônia do Sacramento, participaram dos grupos militares que guardavam as fronteiras do Sul.
Os escravos, ali como de resto em toda a Colônia, representavam a força
de trabalho sobre a qual repousava a vida econômica da real capitania
das Minas Gerais. Vivendo mal-alimentados, sujeitos a castigos e atos
violentos, constituíam a parcela mais numerosa da população daquela
região.
Isto gerava uma constante preocupação para as autoridades já que, apesar
da repressão cruel, não eram raras as tentativas de levantes escravos e
a formação de quilombos, como o do Ambrósio e o Quilombo Grande. A
destruição de ambos, em 1746 e 1759 respectivamente, não impediu que
ocorressem outras fugas e a formação de novos quilombos.
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