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O longa começa com Hawking conhecendo Jane na Universidade de Cambridge, em 1963. A partir daí ele passa a desenvolver teorias avançadas, se relacionar com a garota e, eventualmente, descobre sua terrível doença. Entretanto, o longa é incapaz de mostrar a magnitude das importantes descobertas sobre espaço-tempo do físico e faz uma salada comburacos negros e relatividade sem conteúdo ou capacidade de fazer o público entender a importância desses avanços. Não era precisa nos dar uma lição de física, mas o roteiro deAnthony McCarten poderia mostrar melhor o trabalho do físico.
Quando Stephen e Jane se casam, o drama familiar toma conta da obra. Jane sacrifica sua vida para cuidar do marido e dos filhos. A previsão de dois anos de vida para Stephen se mostra totalmente fora da realidade e a vida de Jane não fica nada fácil com o tempo. É aí que entraJonathan (Charlie Cox, que estará na série Demolidor), condutor de coral da igreja que bagunça as coisas ao passar a conviver com o casal diariamente, situação que não poderia acabar de outra forma: um triângulo amoroso. É mérito de Cox evitar qualquer traço de maldade enquanto se aproxima de Jane, e a complexa situação é tratada com delicadeza na tela, mas o diretor poderia ser mais ágil ou agressivo com essa subtrama, que, aos poucos, acaba por perder o sentido de ser explorada.
Perto do fim, quando Hawkings está completamente incapacitado, a grande questão é a forma como nos comunicamos e nos relacionamos, mesmo sem palavras. A voz robótica do físico ganha vida com os movimentos faciais limitados de Redmayne. Além disso, pausas demoradas a cada conversa nos permitem estudar reações dos personagens ao invés de nos propiciarem respostas simples sobre seus pensamentos. O filme sempre deixa claro que a doença afeta apenas o corpo do gênio, não sua mente ou vontade de viver. A cena dele imitando o robô Dalek, de Doctor Who, mostra bem isso e nos faz refletir sobre a capacidade da humanidade de ir além das próprias limitações.
Embora seja agradável de assistir e tenha bons momentos, A Teoria de Tudo se aprofunda demais num relacionamento melodramático e sua narrativa sofre com isso. Como consequência, não é capaz de deixar impressão duradoura após a saída do cinema, afinal se torna tão genérico quanto outros de temática similar. Apesar de duas das melhores atuações do ano elevarem a produção, a trama não tem coragem de ir além do básico e acaba entrando em colapso sobre o peso de sua própria narrativa, mais preocupada em fazer o espectador se emocionar ao invés de refletir.