Respostas
De fato, o vértice europeu deste imenso conjunto de cadeias de trocas comerciais assenta nas principais potências navais e políticas do Velho Continente: Holanda, Inglaterra, França, Espanha ePortugal (estes últimos em fase de declínio, mas sem nunca perderem as suas posições coloniais e assegurarem alguns circuitos de produção e distribuição de produtos-chave na economia mundial, como o ouro, prata, diamantes, açúcar e tabaco).
Da Europa, partiam embarcações carregadas de produtos manufaturados, como armas de fogo, rum, tecidos de algodão asiático, ferro, jóias de pouco valor, entre outros artigos de menor valor comercial. O destino principal era África, onde se trocavam escravos por estes produtos. Os compradores de escravos comerciavam com europeus ou africanos que vendiam os seus conterrâneos, quer no litoral quer no interior, onde quase só se aventuravam os negreiros autóctones. Muitas vezes, eram colonos americanos a comprar directamente em África a sua mão-de-obra servil, sem intermediários europeus. Os escravos africanos eram, de fato, a mola principal desta rede comercial de capital importância para aeconomia europeia, pelos lucros que rendiam aos países negreiros e, também, para o sistema de produção das colónias mineiras e de plantação das Américas, seu destino além-Atlântico.
Nesta segunda junção de vértices do comércio triangular (África-Américas), muitos dos escravos morriam a bordo dos navios, onde se amontoavam em condições infra-humanas. Chegados às Américas, eram vendidos aos donos de minas e de plantações em troca dos seus produtos: açúcar, tabaco, moedas de ouro e prata (ou em barra e, até mesmo, em forma de letras de crédito de praças financeiras como Londres, Bordéus, Amesterdão, Nantes, Antuérpia etc.). Completava-se o triângulo comercial com a compra por parte da Europa desses produtos americanos, embora para o continente americano se exportassem directamente as manufaturas e se fizessem reexportações de artigos adquiridos na Ásia. Só as colónias europeias nas Índias Ocidentais e as famílias possuidoras de minas, plantações ou empresas comerciais tinham poder económico para adquirir essas manufaturas do Velho Mundo, pagando com os rendimentos que lhes davam as suas produções ou negócios, mesmo com os elevados gastos que comportava a compra de mão-de-obra africana.