Respostas
Em regiões
áridas, as plantas são caracteristicamente espinhosas, mais resinosas
ou mais tóxicas, uma vez que estão expostas aos predadores em condições
de grande procura. Adaptações morfológicas a diferentes climas são conhecidas:
por exemplo, os cáctus e plantas suculentas adaptam-se às condições de
sol abrasador no deserto, estendendo a área de solo para absorção de água,
reduzindo a perda de água nas folhas, ou aumentando a quantidade de água
armazenada em seus tecidos. As plantas xerófitas - plantas que resistem
bem a condições de seca - apresentam grossas camadas de cera para reduzir
a perda de água.
Adaptações bioquímicas também são conhecidas. Para reduzir
a perda de umidade, as plantas fecham seus estômatos (aberturas na epiderme
de folhas e caule, através das quais se efetuam as trocas gasosas necessárias à vida das
plantas).
O fechamento ou abertura de estômatos obedece a um controle hormonal efetuado pelo ácido abscísico, uma substância sesquiterpenóide comum em plantas.
Talvez o exemplo mais dramático de adaptação a clima seja o caminho fotossintético especial que algumas plantas tropicais desenvolveram em resposta a condições de calor e aridez. Em dias de grande calor, plantas de clima temperado realizam a fotossíntese com menor eficiência, ou seja, apresentam uma queda na incorporação de gás carbono atmosférico na produção de açúcar. Isso se deve ao fato de que parte do gás carbono originalmente absorvido é perdida através de fotorrespiração na superfície da folha. Como nas regiões temperadas os dias quentes não são muito freqüentes, essas perdas na produção de açúcar não são graves. Mas nas zonas tropicais elas poderiam ser consideráveis. Plantas tropicais, como a cana-de-açúcar, por exemplo, são capazes de resistir ao clima quente e manter-se produtivas graças a uma modificação no seu mecanismo fotossintético: o gás carbônico, que seria perdido por fotorrespiração na superfície da folha, é coletado e trazido de volta ao interior do cloroplasto, onde se processa a fotossíntese, para ser convertido em sacarose. Plantas desse tipo têm células mesofílicas especiais e suas modificações anatômicas, conhecidas como Síndrome de Kranz, ocorrem paralelamente com as alterações bioquímicas. Não só a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), apresenta essa adaptação, mas muitas outras plantas. O milho (Zea mays), que é uma gramínea, como a cana, também pode realizar essa alteração, e plantas de outras famílias também o fazem. Os gafanhotos são capazes de fazer devastações espantosas - poucas moléculas são capazes de detê-los - mas não atacam plantas que apresentam a síndrome de Kranz.