• Matéria: História
  • Autor: grazielle2413
  • Perguntado 8 anos atrás

Leia com atenção o trecho abaixo. Ele foi escrito pelo pensador grego Xenofonte, discípulo de Sócrates, entre os séculos V a.C. e IV a.C.

Eventualmente, quando se demorava junto a algum artista que por motivos de trabalho exercitava a sua arte, era-lhe igualmente útil. Chegando certa vez em visita a Parrásio, o pintor, perguntou-lhe: “A pintura, Parrásio, não é representação daquilo que se vê? E, de fato, os corpos baixos e altos, à sombra e à luz, ásperos e macios, rugosos e lisos, jovens e velhos, vocês os imitam retratando-os por meio de cores”. “É verdade”, disse ele. “E quando representam modelos de Beleza, visto que não é fácil encontrar um homem perfeito em cada parte, vocês, juntando os mais belos detalhes de cada indivíduo, fazem com que pareça belo o corpo inteiro.” “Fazemos justamente isso”, disse. “E então, a atitude da alma extremamente sedutora, doce, amável, agradável, atraente, vocês conseguem reproduzir ou não se pode imitar?” “Como se pode imitar, Sócrates, aquilo que não tem proporção das partes, nem cor, nem nenhuma das coisas que enumeraste, e não é visível de forma alguma?” “E no entanto”, retomou Sócrates, “não pode o homem olhar alguém com simpatia ou inimizade?” “Creio que sim”, disse. “E tudo isso não se pode perceber na expressão dos olhos?” “Sem dúvida.” “E te parece que tenham a mesma expressão no rosto aqueles que se mostram interessados no bem e no mal dos amigos e aqueles que não se interessaram?” “Certamente não, por Zeus! Quem se interessa tem uma expressão contente quando os amigos estão bem e torna-se sombrio se os amigos estão mal.” “Logo, pode-se retratar também isso?” “E como!” “E assim também a magnifi cência, a generosidade, a grosseria, a indignidade, a temperança, a prudência, a arrogância e a vulgaridade transparecem no rosto e no comportamento do homem, tanto parado quanto em movimento.” “É verdade.” “Logo, podem ser imitadas?” “E como!” “E pensas que se contempla de melhor grado aquilo que deixa transparecer um caráter belo, bom, amável ou aquilo que o faz parecer feio, mau, odioso?” “Oh, há uma bela diferença, Sócrates!”
(XENOFONTE. Memórias de Sócrates, III. Apud: ECO, Umberto (Org.). História da beleza. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 48).

a) De acordo com o texto de Xenofonte, qual seria a função da Arte para os gregos?
b) A que conclusão nos leva o raciocínio de Sócrates sobre o Belo?
c) Em sua opinião, aquilo que identificamos hoje como Belo se assemelha em algum aspecto ao que os gregos consideravam Belo? Explique.

Respostas

respondido por: Anônimo
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a) Para os gregos, a arte é primeiramente a representação daquilo que se observa, mas idealizada para representar o Belo, que está essencialmente na Natureza em seu estado puro.

b) Que o Belo não está somente em atributos físicos, mas também no caráter dos indivíduos, e tal caráter é perceptível por nossos sentidos, portanto, observável e passível de registro.

c) De certa forma, sim. Ainda nos pautamos em noções de harmonia, graciosidade, equilíbrio e vigor que são cultivados desde a Antiguidade Clássica e foram retomados muitas vezes por movimentos artísticos posteriores. Em contraste, hoje temos uma pluralidade de elementos estéticos passíveis de análises, e referências cronológica, cultural e etnicamente vastas. Pode-se argumentar que as ofertas estéticas da atualidade são bens mais diversas. Quanto aos valores de caráter, o estudo da filosofia grega que perdura até hoje mostra quão forte é sua influência, pois estética e ética, por exemplo, são temas até hoje calorosamente discutidos.
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