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Cidade de Deus,
filme dirigido por Fernando Meirelles, foiexaustivamente saudado como um prodígio da indústria cinematográfica nestaperiferia do mundo, entre outros aspectos, pelos pouco mais de três milhões deespectadores que granjeou somente em 2002, ano de seu lançamento.A celebração
é
compreensível, especialmente se considerarmos que noinício dos anos 90 a produção cinematográfica brasileira, após o esfarelamentodo aparato estatal do qual muito dependia, foi lançada numa situação algofantasmagórica, senão tal e qual, ao menos parecida
à
que se encontrava quandoainda em cueiros'.
E,
como se sabe, foi somente a partir do estabelecimentode um aparato legal baseado na renúncia fiscal que o setor começou a sair doatoleiro econômico em que se encontrava. Enquanto em 1992 apenas
36
milespectadores pagaram para ver os três filmes nacionais lançados naquele ano,em 1994
Carlota Joaquina, princesn
do
Brazil,
tido como marco doressurgimento do cinema brasileiro, levou 1,3 milhão de pagantes às salas de
*
Este texto foi inicialmente esboçado por ocasião da participação na mesa-redonda "Urbanização eviolência: diálogo entre geografia, literatura e cinema, a propósito do filme e do livro Cidade deDeus", organizada pela Associação dos Geógrafos Brasileiros (Seção Belo Horizonte) e realizada em
30
de novembro de
2002
na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Resolvi retirá-lo da hibernaçãoem que se encontrava por conta da disciplina
"A
cidade, o urbano e o cinema", ministrada paraestudantes do curso de graduação em Geografia da UFMG.
'
No abrangente painel que elaborou sobre o cinema no Brasil, Paulo Emílio Salles Gomes registrouque no início dos anos
20,
enquanto uma parte dos circuitos econômicos que consubstanciam achamada indústria cinematográfica
já
havia se firmado por aqui através da comercialização de filmes