Respostas
Perto da minha casa um rio
seguia rumoroso e pobre,
mas sempre havia quem buscasse
um seixo, um peixe, uma lembrança.
Eram meninos e eram homens
muito mais pobres do que ele,
curvados sobre a água escura
mesmo sob o sol de dezembro.
Pequenos caracóis, viscosos
abrigos de um destino só
na infância, a percorrer as léguas
de schistosoma e solidão.
À noite, eu pensava que o mundo
era composto só de rios
e de crianças que tentavam
a todo custo atravessá-los
NASCER ENTRE RIOS: “MESOPOTÂMIA” é um poema da histórica edição de CÍRCULO CÓSMICO (1966), resgatado no livro CANTOS DE CONTAR (2012). Neste poema, o poeta localiza geograficamente o local de seu nascimento no município Jaboatão dos Guararapes.
A FOTO:
“Unica foto da infância, aos 4 anos de idade.” É assim que ALBERTO DA CUNHA MELO registra a foto editada em destaque neste post, no livro manuscrito inédito “A noite da longa aprendizagem. Notas à margem do trabalho poético”.
“Mesopotâmia”, poema selecionado para o CANTOS DE CONTAR foi competente e docemente comentado por Isabel de Andrade Moliterno, na grande noite do lançamento no Recife, terça (dia 4), Centro Cultural dos Correios.