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Não existe um consenso no mundo acadêmico e científico sobre qual teria sido o início da Globalização. Alguns a consideram apenas a partir de sua consolidação total, ou seja, aquele momento em que os meios informacionais expandiram-se, ao menos em tese, para todos os lugares do mundo, o que dataria da segunda metade do século XX em diante. Outros, por outro lado, consideram a Globalização como um processo gradativo, que teria se iniciado em tempos mais antigos, graças às grandes expansões marítimas do final do século XV e início do século XIX, entre 1450 e 1850.
Se levarmos em consideração a segunda premissa acima apresentada, podemos dividir o processo de Globalização em três fases: a primeira datando do início da formação do Capitalismo Comercial e do crescimento do mercantilismo; a segunda com a consolidação do modelo industrial europeu e sua atuação imperialista; e a terceira após a Terceira Revolução Industrial, envolvendo a disseminação de tecnologias e consolidação do sistema capitalista frente à queda do Muro de Berlim.
A primeira fase da Globalização, com base nessa periodização, seria a mais longa, entre a metade do século XV até meados do século XIX. Ela corresponde ao desenvolvimento do mercantilismo como modo de produção reinante, em que os países preocupavam-se em apresentar uma manutenção de uma balança comercial favorável e com o máximo acúmulo de metais preciosos, além do protecionismo alfandegário estabelecido.
Podemos dizer que o início da Globalização desenvolveu-se nesse período por ter sido nessa época o período das grandes navegações, em que novas rotas para as Índias em busca de especiarias foram definidas, além da descoberta de novos territórios, entre eles, o Brasil. Com isso, além de uma maior expressão para o mercado mundial, houve também os novos fluxos migratórios tanto para a exploração quanto para o povoamento das novas colônias. Assim, foram observados os primeiros traços de transformação e interação cultural entre os diferentes povos.
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Além disso, esse panorama estruturou uma Divisão Internacional do Trabalho, que consiste no papel desenvolvido por cada território no trabalho e no comércio mundial. Enquanto, de um lado, as colônias produziam matérias-primas, como produtos agrícolas, minérios e recursos naturais, do outro, as metrópoles transformavam esses materiais em produtos manufaturados.
Houve também nesse período a intensificação do modo de trabalho escravo, em que centenas de grupos étnicos de origem africana foram transportados e forçados a trabalhar em terras coloniais, com destaque para o Brasil, que, segundo alguns dados, recebeu cerca de 40% do total de negros capturados nos diferentes domínios da África.
Nesse período, portanto, a Europa portava-se como o centro mundial econômico e político, com frentes de poder lideradas por centros urbanos, tais como Londres, Paris e Lisboa. As principais potências desse período eram: Inglaterra, França, Portugal, Holanda e, mais tarde, os Estados Unidos.
Apesar desse período ser considerado, aqui, a primeira fase da globalização, existem outras concepções teóricas que marcam esse início para outros momentos da história, como a Revolução Industrial ou as revoluções burguesas na França e na Inglaterra. De toda forma, podemos considerar que, sem o processo de expansão marítima e colonização promovido pelos países europeus, a formação do capitalismo e a construção da globalização teriam sido, ao menos, dificultadas, senão impedidas de serem executadas.
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