CAPÍTULO CXIII EMBARGOS DE TERCEIRO Por falar nisto, é natural que me perguntes se, sendo antes tão cioso dela, não continuei a sê-lo apesar do filho e dos anos. Sim, senhor, continuei. Continuei, a tal ponto que o menor gesto me afligia, a mais ínfima palavra, uma insistência qualquer; muita vez só a indiferença bastava. Cheguei a ter ciúmes de tudo e de todos. Um vizinho, um par de valsa, qualquer homem, moço ou maduro, me enchia de terror ou desconfiança. É certo que Capitu gostava de ser vista, e o meio mais próprio a tal fim (disse-me uma senhora, um dia) é ver também, e não há ver sem mostrar que se vê. A senhora que me disse isto cuido que gostou de mim, e foi naturalmente por não achar da minha parte correspondência aos seus afetos que me explicou daquela maneira os seus olhos teimosos. Outros olhos me procuravam também, não muitos, e não digo nada sobre eles, tendo aliás confessado a princípio as minhas aventuras vindouras, mas eram ainda vindouras. Naquele tempo, por mais mulheres bonitas que achasse, nenhuma receberia a mínima parte do amor que tinha a Capitu. A minha própria mãe não queria mais que metade. Capitu era tudo e mais que tudo; não vivia nem trabalhava que não fosse pensando nela. Ao teatro íamos juntos; só me lembra que fosse duas vezes sem ela, um benefício de ator, e uma estreia de ópera, a que ela não foi por ter adoecido, mas quis por força que eu fosse. Era tarde para mandar o camarote a Escobar; saí, mas voltei no fim do primeiro ato. Encontrei Escobar à porta do corredor. — Vinha falar-te, disse-me ele. Expliquei-lhe que tinha saído para o teatro donde voltara receoso de Capitu, que ficara doente. — Doente de quê? perguntou Escobar. — Queixava-se da cabeça e do estômago. — Então, vou-me embora. Vinha para aquele negócio dos embargos... Eram uns embargos de terceiro; ocorrera um incidente importante, e, tendo ele jantado na cidade, não quis ir para casa sem dizer-me o que era, mas já agora falaria depois... — Não, falemos já, sobe; ela pode estar melhor. Se estiver pior, desces. ((ASSIS, Machado de. D. Casmurro. 5 ed – São Paulo: Moderna, 2015. P 202-3) Depois de ler o trecho acima, faça uma narração que obedeça às seguintes orientações: Sua história deverá ser continuação do episódio contado por Bentinho, portanto você deverá considerar o foco narrativo, o enredo e os personagens presentes no livro para essa continuidade. Seu texto deve ter entre 15 e 30 linhas e ser escrito em norma-padrão da língua. Não se esqueça de que você deverá dar continuidade a esse texto, portanto deverá pensar em criar um clímax para a complicação apresentada e uma conclusão ou desenlace.
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michel81339:
por favor alguém me ajuda.
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