• Matéria: Português
  • Autor: efilipe709
  • Perguntado 4 anos atrás

ESTUDO ORIENTADO 8º (2ºBIM)

A volta
Da janela do trem o homem avista a velha cidadezinha que o viu nascer.
Seus olhos se enchem de lágrimas. Trinta anos. Desce na estação – a mesma
do seu tempo, não mudou nada – e respira fundo. Até o cheiro é o mesmo! Cheiro
de mato e poeira. Só não tem mais cheiro de carvão porque o trem agora é
elétrico. E o chefe da estação, será possível? Ainda é o mesmo. Fora a careca,
os bigodes brancos, as rugas e o corpo encurvado pela idade, não mudou nada.
O homem não precisa perguntar como se chega ao centro da cidade. Vai
a pé, guiando-se por suas lembranças. O centro continua como era. A praça. A
igreja. A prefeitura. Até o vendedor de bilhetes na frente do Clube Comercial
parece o mesmo.
— Você não tinha um cachorro?
— O Cusca? Morreu, ih, faz vinte anos.
O homem sabe que subindo a Rua Quinze vai dar num cinema. O Elite.
Sobe a Rua Quinze. O cinema ainda existe. Mas mudou de nome. Agora é o
Rex. Do lado tem uma confeitaria. Ah, os doces da infância... Ele entra na
confeitaria. Tudo igual. Fora o balcão de fórmica, tudo igual. Ou muito se engana
ou o dono ainda é o mesmo.
— Seu Adolfo, certo?
— Lupércio.
— Errei por pouco. Estou procurando a casa onde nasci. Sei que ficava
ao lado de uma farmácia.
— Qual delas, a Progresso, a Tem Tudo ou a Moderna?
— Qual é a mais antiga?
— A Moderna.
— Então é essa.
— Fica na Rua Voluntários da Pátria.
Claro. A velha Voluntários. Sua casa está lá intacta. Ele sente vontade de
chorar. A cor era outra. Tinham mudado a porta e provavelmente emparedado
uma das janelas. Mas não havia dúvida, era a casa da sua infância. Bateu na
porta. A mulher que abriu lhe parecia vagamente familiar. Seria...
— Titia?
— Puluca!
— Bem, meu nome é...
— Todos chamavam você de Puluca. Entre.
Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia. Ele
perguntou por parentes de que ela não se lembrava. Conversaram até escurecer.
Então ele se levantou e disse que precisava ir embora. Não podia, infelizmente,
demorar-se em Riachinho. Só viera matar a saudade. A tia parecia intrigada.
— Riachinho, Puluca?
— É, por quê?
— Você vai para Riachinho?
Ele não entendeu.
— Eu estou em Riachinho.
— Não, não. Riachinho é a próxima parada do trem. Você está em Coronel Assis.
— Então eu desci na estação errada!
Durante alguns minutos os dois ficaram se olhando em silêncio. Finalmente a
velha pergunta:
— Como é mesmo o seu nome?
Mas ele estava na rua, atordoado. E agora? Não sabia como voltar para a
estação, naquela cidade estranha.

Luís Fernando Veríssimo. Comédias da vida privada:
101 crônicas escolhidas. Porto Alegre L&M,2006


01-Qual das frases abaixo resume o fato narrado nessa crônica? *
a) Um homem volta à cidade onde nasceu e viveu na infância para matar a saudade, rever lugares e pessoas
b) Um homem vai a uma cidade achando que está de volta ao lugar onde nasceu e viveu a infância.
c) Um homem vai por engano a uma cidade e descobre que já conhecia os lugares e as pessoas.
d) Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia.

02- A personagem confundiu a cidade de Coronel Assis com a cidade de Riachinho. Por que isso foi possível? Explique. *
Porque as cidades pequenas tem locais e modo de vida muito semelhantes.

03- O que aconteceu com a personagem ao descobrir que estava em uma cidade estranha? *

04- Você achou a história engraçada? Por quê? *

Respostas

respondido por: mariapereira91825522
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Resposta:

ESTUDO ORIENTADO 8º (2ºBIM)

A volta

Da janela do trem o homem avista a velha cidadezinha que o viu nascer.

Seus olhos se enchem de lágrimas. Trinta anos. Desce na estação – a mesma

do seu tempo, não mudou nada – e respira fundo. Até o cheiro é o mesmo! Cheiro

de mato e poeira. Só não tem mais cheiro de carvão porque o trem agora é

elétrico. E o chefe da estação, será possível? Ainda é o mesmo. Fora a careca,

os bigodes brancos, as rugas e o corpo encurvado pela idade, não mudou nada.

O homem não precisa perguntar como se chega ao centro da cidade. Vai

a pé, guiando-se por suas lembranças. O centro continua como era. A praça. A

igreja. A prefeitura. Até o vendedor de bilhetes na frente do Clube Comercial

parece o mesmo.

— Você não tinha um cachorro?

— O Cusca? Morreu, ih, faz vinte anos.

O homem sabe que subindo a Rua Quinze vai dar num cinema. O Elite.

Sobe a Rua Quinze. O cinema ainda existe. Mas mudou de nome. Agora é o

Rex. Do lado tem uma confeitaria. Ah, os doces da infância... Ele entra na

confeitaria. Tudo igual. Fora o balcão de fórmica, tudo igual. Ou muito se engana

ou o dono ainda é o mesmo.

— Seu Adolfo, certo?

— Lupércio.

— Errei por pouco. Estou procurando a casa onde nasci. Sei que ficava

ao lado de uma farmácia.

— Qual delas, a Progresso, a Tem Tudo ou a Moderna?

— Qual é a mais antiga?

— A Moderna.

— Então é essa.

— Fica na Rua Voluntários da Pátria.

Claro. A velha Voluntários. Sua casa está lá intacta. Ele sente vontade de

chorar. A cor era outra. Tinham mudado a porta e provavelmente emparedado

uma das janelas. Mas não havia dúvida, era a casa da sua infância. Bateu na

porta. A mulher que abriu lhe parecia vagamente familiar. Seria...

— Titia?

— Puluca!

— Bem, meu nome é...

— Todos chamavam você de Puluca. Entre.

Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia. Ele

perguntou por parentes de que ela não se lembrava. Conversaram até escurecer.

Então ele se levantou e disse que precisava ir embora. Não podia, infelizmente,

demorar-se em Riachinho. Só viera matar a saudade. A tia parecia intrigada.

— Riachinho, Puluca?

— É, por quê?

— Você vai para Riachinho?

Ele não entendeu.

— Eu estou em Riachinho.

— Não, não. Riachinho é a próxima parada do trem. Você está em Coronel Assis.

— Então eu desci na estação errada!

Durante alguns minutos os dois ficaram se olhando em silêncio. Finalmente a

velha pergunta:

— Como é mesmo o seu nome?

Mas ele estava na rua, atordoado. E agora? Não sabia como voltar para a

estação, naquela cidade estranha.

Luís Fernando Veríssimo. Comédias da vida privada:

101 crônicas escolhidas. Porto Alegre L&M,2006

01-Qual das frases abaixo resume o fato narrado nessa crônica? *

a) Um homem volta à cidade onde nasceu e viveu na infância para matar a saudade, rever lugares e pessoas

b) Um homem vai a uma cidade achando que está de volta ao lugar onde nasceu e viveu a infância.

c) Um homem vai por engano a uma cidade e descobre que já conhecia os lugares e as pessoas.

d) Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia.

02- A personagem confundiu a cidade de Coronel Assis com a cidade de Riachinho. Por que isso foi possível? Explique. *

Porque as cidades pequenas tem locais e modo de vida muito semelhantes.

03- O que aconteceu com a personagem ao descobrir que estava em uma cidade estranha? *

04- Você achou a história engraçada? Por quê? *

Explicação:

é

elétrico. E o chefe da estação, será possível? Ainda é o mesmo. Fora a careca,

os bigodes brancos, as rugas e o co


efilipe709: q isso? cadê a resposta....?
efilipe709: so vez pra ganhar ponto né ...
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