As ideias expressas no documento Manifesto
ao mundo
continuam movimentando discussões hoje
em dia?
Justifique.
Respostas
Resposta: Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e
gravidade ao da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a
primazia nos planos de reconstrução nacional. Pois, se a evolução orgânica do sistema
cultural de um país depende de suas condições econômicas, é impossível desenvolver
as forças econômicas ou de produção, sem o preparo intensivo das forças culturais e o
desenvolvimento das aptidões à invenção e à iniciativa que são os fatores
fundamentais do acréscimo de riqueza de uma sociedade. No entanto, se depois de 43
anos de regime republicano, se der um balanço ao estado atual da educação pública,
no Brasil, se verificará que, dissociadas sempre as reformas econômicas e
educacionais, que era indispensável entrelaçar e encadear, dirigindo-as no mesmo
sentido, todos os nossos esforços, sem unidade de plano e sem espírito de
continuidade, não lograram ainda criar um sistema de organização escolar, à altura
das necessidades modernas e das necessidades do país. Tudo fragmentário e
desarticulado. A situação atual, criada pela sucessão periódica de reformas parciais e
freqüentemente arbitrárias, lançadas sem solidez econômica e sem uma visão global
do problema, em todos os seus aspectos, nos deixa antes a impressão desoladora de
construções isoladas, algumas já em ruína, outras abandonadas em seus alicerces, e
as melhores, ainda não em termos de serem despojadas de seus andaimes...
Onde se tem de procurar a causa principal desse estado antes de inorganização
do que de desorganização do aparelho escolar, é na falta, em quase todos os planos e
iniciativas, da determinação dos fins de educação (aspecto filosófico e social) e da
aplicação (aspecto técnico) dos métodos científicos aos problemas de educação. Ou,
em poucas palavras, na falta de espírito filosófico e científico, na resolução dos
problemas da administração escolar. Esse empirismo grosseiro, que tem presidido ao
estudo dos problemas pedagógicos, postos e discutidos numa atmosfera de horizontes
estreitos, tem as suas origens na ausência total de uma cultura universitária e na
formação meramente literária de nossa cultura. Nunca chegamos a possuir uma
"cultura própria", nem mesmo uma "cultura geral" que nos convencesse da "existência
de um problema sobre objetivos e fins da educação". Não se podia encontrar, por isto,
unidade e continuidade de pensamento em planos de reformas, nos quais as
instituições escolares, esparsas, não traziam, para atraí-las e orientá-las para uma
direção, o pólo magnético de uma concepção da vida, nem se submetiam, na sua
organização e no seu funcionamento, a medidas objetivas com que o tratamento
científico dos problemas da administração escolar nos ajuda a descobrir, à luz dos fins
estabelecidos, os processos mais eficazes para a realização da obra educacional.
Certo, um educador pode bem ser um filósofo e deve ter a sua filosofia de
educação; mas, trabalhando cientificamente nesse terreno, ele deve estar tão
interessado na determinação dos fins de educação, quanto também dos meios de
realizá-los. O físico e o químico não terão necessidade de saber o que está e se passa
além da janela do seu laboratório. Mas o educador, como o sociólogo, tem
necessidade de uma cultura múltipla e bem diversa; as alturas e as profundidades da
vida humana e da vida social não devem estender-se além do seu raio visual; ele deve
ter o conhecimento dos homens e da sociedade em cada uma de suas fases, para
perceber, além do aparente e do efêmero, "o jogo poderoso das grandes leis que
dominam a evolução social", e a posição que tem a escola, e a função que representa,
Explicação: Espero ter ajudado.