Respostas
Resposta:
Um grupo de pessoas indignadas toma as ruas contra o aumento do preço do pão. O episódio se parece com as manifestações que ocorreram em São Paulo no mês de junho devido à elevação da tarifa de ônibus e desencadearam protestos no restante do país, mas foi um dos estopins da Revolução Francesa (1787-1799). A relação do passado com a atualidade, considerando as especificidades de cada situação, foi explorada pelo professor João Luis da Silva Bitulini com os alunos do 8º ano da EE João de Oliveira Franco, em Curitiba. "Esse é um dos objetivos da disciplina. A História não se repete e o contexto atual não pode ser considerado idêntico ao do passado", diz o psicólogo espanhol Mario Carretero, docente da Universidade Autônoma de Madri, que pesquisa o ensino das Ciências Sociais.
Explicação:
A Revolução Francesa estava no planejamento de Bitulini, que pretendia abordar o tema em quatro encontros com a classe. Na sondagem, o professor constatou que os jovens sabiam muito pouco sobre esse período. Quando perguntou o que conheciam, eles lembraram apenas de palavras-chave, como violência, guerra e morte. "A turma fez essa relação porque o próprio conceito de revolução está ligado à ideia de rompimento violento", diz o docente. Além disso, pinturas sobre o período, como Liberdade Guiando o Povo, do francês Eugène Delacroix (1798-1863), ajudam a reforçar esse estereótipo. "Ela é frequentemente reproduzida nos livros didáticos, o que explica esse tipo de associação", afirma Juliano Custódio Sobrinho, docente de História da Universidade Nove de Julho (Uninove).
Depois disso, Bitulini apresentou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Ele explicou que o documento, consequência da insurreição francesa, foi o mais importante da época e definiu os direitos dos homens. Também disse que ela foi a primeira declaração de direitos, inspiradora de outras, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948.
Comparação entre o passado e o presente
Todos leram a carta e selecionaram os trechos que mais chamavam a atenção. Foram escolhidos os artigos 14 e 17 para discussão posterior. O professor aproveitou para propor uma análise do quadro Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, de Jean-Jacques-François Le Barbier (1738-1826). A escolha da imagem, que não traz as cenas de conflito armado comumente associadas à insurreição, foi intencional. "Perguntei aos alunos o que estavam observando e eles descreveram a cena. O que mais intrigou a turma foi a presença de um anjo", explica Bitulini. Ele comentou que esse desenho dava uma conotação espiritual à declaração. "É como se os céus abençoassem o documento", diz ele. Também reforçou outros aspectos, como a figura de um olho dentro de um triângulo, que pode ser interpretada como uma menção bíblica ou maçônica.