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Filho da velha e puritana Salem, reservado da sociedade, Hawthorne, um dos maiores do século XIX, reencenou a mitologia grega em um dos livros infantis mais populares do seu tempo. Ele foi, ao lado de Edgar A. Poe, um dos difusores do gótico nos Estados Unidos. Sua obra prima "A Casa das Sete Torres" foi publicada em 1851, concomitamente com este reconto infantil dos mitos gregos, e com "Moby Dick", de Herman Melville, com quem tinha profunda amizade.
Os seis mitos, narrados em forma de conto por um estudante dedicado à poesia para as crianças da mansão Tanglewood, buscam louvar ensinamentos morais nos jovens leitores (mas que podem muito bem servir a certos adultos) e também sentimentos como a amizade, a humildade e o amor pelos animais. Para isso, Hawthorne alimenta a filosofia de que o mal existe e pode estar inserido em nós.
Nos tempos de Hawthornne surgiu o movimento Transcedentalista que, em resumo, dizia que havia uma "unidade" entre todos os homens e condenava as coisas materiais, tendo ele participado dessa rodinha de intelectuais e rapidamente se afastado. Hawthorne rebate essa idealização romântica, com a perversão atuando em diferentes estratos sociais - dos mais miseráveis até deuses castigados, insinuando-se também nos heróis. O mal independe de coisas materiais, pois o coração humano permanece o mesmo.
O teor desses assuntos estão em conformidade com o público para o qual este livro se direciona. O caráter milenar de um mito por si só sugere uma atmosfera gótica. Há um romantismo inculcado que, longe de ser chato, é interessante de observar sob o ponto de vista de um adulto. É como uma mistura ianque de Jacob e Wilhelm Grimm e mitologia grega.
"Deste lado de Pittsfield está Herman Melville, dando forma à gigantesca ideia de sua 'Baleia Branca', enquanto o relevo imenso de Greylock assoma-lhe da janela do escritorio." (pág 198, ed. Zahar)