Como você vê o pode das igrejas nos dias de hj?elas ainda funcionam como meios de comunicação em massa??
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O estudo da Igreja sempre foi, sem dúvida, tema obrigatório para os que pretendem compreender a sociedade
brasileira. Não precisamos ressaltar aqui sua importância na formação cultural e institucional do país, nem
tampouco o papel fundamental que desempenhou nos diferentes momentos de nossa história política. Assim,
entender a Igreja sob o ponto de vista de sua organização interna, avaliar suas estratégias, compreender sua
trajetória, desvendar a natureza de seus compromissos, foi a tarefa maior a que se dedicaram, até hoje, grande
parte dos estudos sobre o catolicismo no Brasil contemporâneo.
Gostaríamos de chamar a atenção, neste artigo, para uma problemática nova que surge a partir da
transformação da sociedade brasileira numa sociedade moderna e de massas: em linhas gerais, interessa-nos
saber qual deverá ser o papel relativo da Igreja, como parte de um conjunto de forças atuantes na sociedade
civil, na construção ideológica de um novo ethos, mais condizente com as demandas da vida urbana em
sociedades industriais. Sabemos que a experiência da Igreja com as massas urbanas é pequena e recente.1
De
um modo geral ela tende a encarar a vida na grande cidade como desestruturante e nefasta. Assim, para atuar
numa sociedade de massas, a Igreja se vê obrigada a repensar seus princípios e modelos de atuação. Este
trabalho pretende analisar esse processo, retomando as contradições que a Igreja enfrenta quando, procurando
adequar-se às exigências dos “novos tempos”, passa a fazer uso dos meios de comunicação de massa.
A escolha desse tema não foi feita ao acaso. Parece-nos que a definitiva instalação no Brasil, a partir dos anos
70, de um capitalismo moderno, nos obriga a alterar os quadros de referência que até então vinham orientando
a reflexão sobre o papel da Igreja na sociedade brasileira.
De uma maneira geral, pode-se dizer que o conjunto dos estudos sobre a Igreja tem-se preocupado
fundamentalmente em interpretar o sentido das mudanças político-ideológicas que marcaram sua atuação nas
últimas décadas. Quer analisando o papel político da Igreja frente ao Estado autoritário, quer focalizando as
flutuações de seus compromissos de classe, privilegiou-se a discussão sobre os limites ideológicos e
institucionais de suas posições políticas. É verdade que algumas análises institucionais, tais como as de
Thomas Bruneau2
, se preocuparam em relacionar amplamente as transformações percebidas no interior da
Igreja às mudanças em andamento na sociedade como um todo. No entanto, com bem observa Luiz Alberto
Gomes de Souza3
, a ênfase no institucional acaba suspendendo a análise do declínio progressivo da influência
histórica da Igreja Católica sobre o Estado e sobre a vida da nação. Alguns trabalhos recentes têm trazido
dados que indicam de que maneira o crescimento do papel do Estado, a partir dos anos 30, reduziu o âmbito de
atuação da Igreja em setores estratégicos, tais como o educacional, que até então estavam sob sua tutela4
.Mas
outros fatores, além da expansão progressiva do Estado, têm levado à retração do papel da Igreja como força
organizadora da vida social. O processo de modernização industrial que se acelera a partir dos anos 50 passa a
integrar progressivamente setores cada vez mais amplos da população e a subverter cada vez mais
profundamente os tradicionais padrões de convivência. A vida familiar se privatiza, novas demandas, novos
hábitos de consumo começam a emergir5
. Nesse contexto a Igreja vai lentamente perdendo seu papel de
organizadora da vida coletiva, enquanto os meios de comunicação de massa, especialmente a televisão,
assumem importância capital como produtores de informação e lazer.
A expansão industrial da década de 60-70 consolidou definitivamente esse processo. Pela primeira vez a nação
brasileira aparece como uma totalidade realmente integrada. O país está ligado de norte a sul via transportes e
comunicação, existe um mercado consumidor de bens industriais, e, mais ainda, passa a existir um mercado
consumidor de “bens culturais”. Pode-se perceber nesse contexto a importância que assumem os meios de
comunicação na produção de “visões de mundo” que orientam a sociedade. Ora, poucos estudos têm
focalizado o impacto da mídia moderna sobre o papel tradicional da Igreja como árbitro e definidor de valores
éticos e morais da sociedade. E, no entanto, nesse processo de declínio da visão de mundo católica, os meios
de comunicação de massa tiveram especial importância. Nos últimos quinze anos, evoluíram de seu modus
operandi semi-artesanal e transformaram-se em modernas empresas
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