• Matéria: Português
  • Autor: kkkj20
  • Perguntado 3 anos atrás

Um chá muito louco

Em frente da casa, havia uma mesa posta, toda arrumada, debaixo de uma árvore. Sentados junto a ela, a Lebre de Março e o Chapeleiro estavam tomando chá. Entre eles, um ratinho, tão sonolento que era um verdadeiro Dormundongo, dormia a sono solto, e os outros dois o usavam como se ele fosse uma almofadinha, apoiando os cotovelos em cima dele e conversando por cima de sua cabeça.

— Deve ser muito desconfortável para esse ratinho — pensou Alice. — Mas ele está dormindo tão pesado, que não deve ligar.

A mesa era bem grande mas os três se amontoavam num canto.

— Não tem lugar! Não tem lugar! — gritaram quando viram Alice se aproximando.

— Está cheio de lugar! — exclamou ela indignada, e se sentou numa poltrona grande, na cabeceira.

— Você precisa cortar o cabelo — comentou o Chapeleiro, que estava observando Alice com muita curiosidade e agora falava pela primeira vez.

— Você devia aprender a não fazer comentários tão pessoais — disse a menina, severa. — É muito grosseiro.

O Chapeleiro arregalou os olhos quando ouviu isso. Mas a única coisa que disse foi:

— Qual é a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?

Alice logo pensou: "Oba! Agora vamos nos divertir. Que bom que eles começaram a brincar de adivinhar..." E falou em voz alta:

— Acho que eu consigo descobrir ...

— Você está dizendo que acha que consegue descobrir uma resposta para essa pergunta? — espantou-se a Lebre de Março.

— Exatamente.

— Então você tem que dizer o que está pensando — continuou a Lebre.

— Digo, sim — respondeu Alice, depressa. — Pelo menos, eu penso o que estou dizendo... o que é a mesma coisa, sabe?

— De jeito nenhum! — disse o Chapeleiro. — É como se você dissesse que "Eu vejo o que como" é a mesma coisa que "Eu como o que vejo".

— Ou então, como se dissesse que "Eu gosto do que eu consigo" é o mesmo que "Eu consigo o que eu gosto"! — disse a Lebre.

E o ratinho Dormundongo acrescentou, como se falasse dormindo:

— Ou como se dissesse que "Eu respiro quando durmo" é o mesmo que "Eu durmo quando respiro '!

— Para você, é a mesma coisa — disse o Chapeleiro.

— Já descobriu a solução da adivinha? — disse o chapeleiro, voltando-se para Alice.

— Não, desisto. Qual é a resposta?

— Não faço a menor ideia — disse o Chapeleiro.

— Nem eu — acrescentou a Lebre de Março.

Alice suspirou, cansada:

— Acho que vocês podiam fazer com o tempo coisas muito melhores do que gastá-lo com adivinhas sem respostas.

— Se você conhecesse o Tempo como eu conheço, não falaria assim — disse o Chapeleiro. — Não é uma coisa que se possa gastar, é gente.

— Não estou entendendo — disse Alice.

— Claro que não está! — afirmou o Chapeleiro, abanando a cabeça, com um ar de desprezo. — Aposto que você nunca falou com o Tempo!

CARROLL, Louis. Alice no País das Maravilhas. Trad. Ana Maria Machado. 3a ed. São Paulo: Ática, 1999, p. 70

Releia a seguinte passagem do texto:

Um chá muito louco

— Já descobriu a solução da adivinha? — disse o chapeleiro, voltando-se para Alice.

— Não, desisto. Qual é a resposta?

— Não faço a menor ideia — disse o Chapeleiro.

— Nem eu — acrescentou a Lebre de Março.

Alice suspirou, cansada:

— Acho que vocês podiam fazer com o tempo coisas muito melhores do que gastá-lo com adivinhas sem respostas.

CARROLL, Louis. Alice no País das Maravilhas. Trad. Ana Maria Machado. 3a ed. São Paulo: Ática, 1999, p. 70

incoerência - falta de lógica; ausência de ligação, de nexo entre fatos, ideias, ações etc.; desarmonia, desconexão, discrepância, inconsequência. Exemplo: em uma narrativa em que os acontecimentos se passam no século XIX, seria incoerente uma personagem utilizar um telefone celular - uma incoerência temporal.

Incoerências podem ser defeitos do texto e prejudicam a verossimilhança interna. Mas os autores muitas vezes utilizam propositalmente a incoerência para provocar efeitos de humor.

a) Explique a incoerência da ação de uma personagem nessa passagem do texto.

b) Embora absurda, a atitude do Chapeleiro não quebra a verossimilhança interna da narração. Por quê?


Porfavor alguem me ajuda!!!! mandem a resposta até as 13:00 do dia 23/08 pfv

Respostas

respondido por: xandilego53
0

a) o chapeleiro tinha proposto uma adivinha a Alice e nesse trecho ele cobra a solução.

como Alice não resolveu o problema,tanto ela como o leitor esperam uma resposta. no entanto, ele e a lebre,inconsequetemente, confessam que também não sabem que semelhanças existem entre um corvo e uma escrivaninha, portanto a ação do personagem e incoerente.

b)o fato de o chapeleiro ser maluco confere verossimilhança interna a sua atitude.

espero ter ajudado , bons estudos

e a letra A) e grande assim mesmo

Perguntas similares